A palavra sologamia, numa simples definição, significa o ato de quando uma pessoa casa consigo mesmo. Isto não é uma possibilidade exclusiva a pessoas solteiras, pois podemos nos casar desta forma mesmo que já estejamos em um casamento civil e/ou com família. Ela ocorre quando somos capazes de vivermos bem e em harmonia em todos os nossos momentos. Trata-se de uma prática existente nas mais diversas culturas, todavia, o tema veio à tona na mídia e redes (ditas) sociais porque no mês de maio passado, em Minas Gerais, uma empresária realizou uma cerimônia – rica em detalhes – onde, para tal celebração, entrava de branco e apenas na companhia de sua filha em seu casamento.

         No mês passado um programa de uma emissora de rádio local promoveu um debate sobre esta temática entre dois expoentes profissionais de Passo Fundo (psiquiatra e psicólogo) e com a participação de ouvintes. O resultado foi o expressivo número de pessoas que manifestaram a opinião de que não casariam consigo mesmas. Surpreendente? Como psicólogo clínico eu diria que não, pois é frequente ouvirmos em sessões de psicoterapia queixas de descontentamentos nos relacionamentos, onde algumas pessoas reclamam de tudo e de todos, inclusive de si. Nestes casos, precisamos lembrar de que qualquer relacionamento passa por nossas atitudes, e estas, por sua vez, são resultados de nossos sentimentos. Pergunte-se: amo a mim mesmo?

          Se por um lado há quem critique a sologamia como um ato de elevado narcisismo, por outro, é uma forma de autocompaixão que pode revelar uma maneira saudável de viver. Recentemente o psicólogo norte americano Cristopher Germer esteve em Porto Alegre para o lançamento de seu livro intitulado “Mindfulness e autocompaixão”, onde a tônica da obra é ser gentil para consigo mesmo, uma oportunidade para aprendermos a sermos nossos próprios amigos.

          Em breve, certamente a palavra sologamia sairá do modismo, mas a necessidade que temos de sabermos bem viver, de aproveitarmos o tempo de forma saudável e com alegria vai continuar sendo o objetivo de todos. Podemos chamar a isto de felicidade; Seja feliz consigo mesmo, seja a pessoa que mais deseja estar com você. Os outros, ao natural, farão parte de sua vida.

César Augusto – Psicólogo

*publicado em julho 2019