O Brasil – que já foi um país de jovens – caminha para o envelhecimento de sua população. Hoje temos cerca de 7% desta com mais de 65 anos de idade e com a expectativa de que nos próximos quinze anos este índice dobre para 14% do total de habitantes. Os resultados da recente Pesquisa Global sobre Envelhecimento realizada pela consultoria Nielsen em 91 países, apontou a Suécia como o primeiro colocado em qualidade de vida para o idoso, ao passo que o Brasil ocupou a 31ª posição. Diferentemente do país europeu, onde o governo investe (per capita) cinco vezes mais em saúde do que no Brasil, a realidade aqui é outra, e não dá para esperar que o governo seja o único responsável pela saúde do idoso. É claro que isto não significa abrir mão das obrigações legais do Estado, pois, o Estatuto do Idoso, se cumprido, oferece condições de dignidade e oportuniza uma melhora na saúde dos mais velhos.  Todavia, entendo que devemos voltar o olhar para nós mesmos hoje: o que faço neste momento com relação a minha saúde? Cuido da alimentação, pratico exercícios físicos, tenho relações de amizades saudáveis, convivo bem com minha família? Tenho alguma crença religiosa? Tudo isto tem influência sobre nosso envelhecimento.

          A mesma pesquisa aponta alguns medos do brasileiro para quando envelhecer: o de perder a agilidade mental (64%) seguido de perto pelo medo de perder a agilidade física (60%). Depois vêm preocupações financeiras de não conseguir pagar despesas médicas e/ou de dificuldades em viver com conforto. Finalizam com o temor em ser um fardo para a família e o de acabar abandonado. É claro que algumas patologias do envelhecimento ainda são preocupantes, apesar dos avanços nos tratamentos, mal de Parkinson, Alzheimer e demências causam transtornos, mas aqueles que ficam focados apenas nas doenças esquecem de que podem fazer muito para minimizar estas preocupações. Comprovadamente, o hábito da leitura, de atividades laborais e sociais são capazes de manter boa agilidade mental, assim como cuidados com o corpo mantém melhores a musculatura e os reflexos. É sabido também que muitos dos acidentes que resultam em fraturas em idosos ocorrem dentro de casa, algumas vezes, por tapetes no meio do caminho, degraus, móveis ou até mesmo animais domésticos que propiciem quedas; medidas preventivas podem evitar a ocorrência de alguns deles. Questões financeiras, bem, este parece ser um problema em qualquer faixa etária, mas com um sistema previdenciário que paga muito pouco ao aposentado (novamente um mal anunciado com décadas de antecedência) é preciso pensar em estratégias econômicas para superar estas dificuldades.

         Igualmente,  tal estudo também revela que as pessoas imaginam que no futuro serão cuidados pelo cônjuge (41%) e pelos filhos (22%), mas para isto, precisamos manter boas relações com a família enquanto estamos bem. Não se trata de troca de interesses, mas sim de efetivamente sermos bons pais, bons irmãos marido/esposa, afinal, se contamos com eles para nos cuidarem no envelhecimento, que sejamos solidários desde agora.

        Como o futuro sempre será uma incógnita é no presente que devemos tomar iniciativas para não sermos pegos de surpresa, bem como, é o momento para idealizarmos que o melhor lugar do mundo para vivermos é aqui mesmo, enfrentando a nossa realidade e superando as dificuldades.

César Augusto – psicólogo

*texto publicado em abril de 2015