Se você tem filhos e está nesta faixa etária, parabéns, mas espero que esteja “inteiro” e saudável. Você é de uma geração que aos 20 anos estudava, trabalhava e pensava o tempo todo em poder sair de casa e ter seu próprio cantinho para morar. Daquela em que os casamentos se davam antes dos 25 anos e por aí mesmo muitos já tinham seu primeiro filho – lembrando que a média de integrantes das famílias nos anos 80 era de 4,5 pessoas. Hoje, a batizada “geração canguru” se caracteriza por uma prolongada permanência dos filhos na casa dos pais ultrapassando a adolescência tardia (definição da Organização Mundial de Saúde) e modificando os papéis intrafamiliares. E teve outra mudança: a longevidade de seus pais também se prolongou, daí que com o envelhecimento deles, com a diminuição de suas autonomias (e em alguns casos com o agravamento por algumas doenças) para quem ficou a responsabilidade de cuidá-los? Para você.

         É claro que podemos ver muitas coisas positivas que efetivamente ocorreram neste contexto: mais proximidade com os filhos e com os pais, mudanças culturais e avanços tecnológicos que nos dão muito mais conforto e qualidade de vida do que na juventude. Mas há um preço a se pagar: você, cinquentenário, é de uma geração que sempre lidou muito com responsabilidades e que ainda continua a lidar com outras tantas novas! Não seria a hora de estar pensando na sua merecida aposentadoria (até nisto estão metendo a mão) ou no melhor aproveitamento de uma vida trabalhosa?

         A realidade em consultórios nos mostra pais cansados, estressados, com famílias divididas entre os que cuidam de seus idosos e os que sequer telefonam para demonstrar alguma preocupação. Além disto, a geração é também a de mães que acabam tendo dupla jornada de trabalho (o que requer mais vigor ainda) sem falar que a chegada dos filhos tem se dado um pouco mais tarde, dando a muitos o papel de pais numa idade em que os seus já eram avós… Haja energia para acompanhar as crianças! E sobre isto, muito cuidado para que o cansaço não descambe em desânimo e/ou para um quadro depressivo, daí, retiro a dica de uma eminente e estudiosa psicóloga “…mediante a renovação mental e os objetivos existenciais, a frustração em predomínio cede lugar à esperança que se renova.”

         Bem, e o que fazer para sobreviver, ou bem viver este momento? Não queixar-se ajuda muito, ter preocupações com a saúde própria olhando sempre para o prato (o que/como come…. não valem correrias ou comer em pé para ganhar tempo e perder em qualidade), ter hábitos saudáveis de alguma atividade física, dormir sem precisar de medicação, meditar, sorrir, agradecer, ter amigos, a lista é longa mas necessária. E é claro, não se esqueça de incluir a psicoterapia, pois com esta ajuda se fazem grandes conquistas.

César Augusto – psicólogo

* texto publicado em outubro de 2017