Atualmente, no Brasil, a licença paternidade permite ao pai afastar-se do trabalho a partir do nascimento de seu filho para acompanhar  os cinco dias iniciais de vida. Pouco? Há dezenas de projetos tramitando na Câmara de Deputados que ampliam de 15 até 44 dias o período de acompanhamento inicial. Se considerarmos insuficientes cinco dias, devemos saber que em alguns países (EUA, Índia e China, por exemplo) a única forma de afastamento implica em ter os salários cortados durante os dias afastados.

          Recentemente foi lançado na Inglaterra pela antropóloga Anna Machin o livro intitulado “Vida de pai: a construção do pai moderno” – ainda sem tradução para o português – onde trata deste tema em diferentes culturas, afinal, ser pai exige competências únicas em cada lugar do planeta. Da mesma forma, o papel que um pai representava aqui no Brasil há uma geração atrás, já não é o mesmo para os dias atuais, afinal, o mundo está em constantes modificações.

          As famílias estão cada vez mais diversas; aqui no Brasil, por exemplo, uma família composta por pai, mãe e dois filhos representa menos da metade das famílias existentes (42%). Há uma frase jocosa em nossa cultura a qual resume-se em dizer que pai é quem cria. Para surpresa de muitos, na mesma linha, a antropóloga britânica em sua obra afirma que “… pai não é definido pelos genes, e sim por quem dá um passo à frente e realiza o trabalho.” Ela nos diz que ao estudar o papel dos pais na educação dos filhos, em todas as culturas onde pesquisou, o mesmo poderia ser caracterizado como por aquele em que se busca ensinar e estimular seu filho ao desenvolvimento, de modo que se tornem adultos fortes e competentes, com a resiliência necessária.

          Só há uma maneira de cumprirmos bem este papel: como pais, devemos estar presentes na vida de nossos filhos. Ensina-se pelo exemplo, mas também, podemos torná-los fortes e competentes quando agirmos coerentemente. Mas se queremos de fato fazer a diferença na educação de nossos filhos devemos prestar atenção sobre que tipo de pais somos hoje. Não é possível continuar reproduzindo o modelo que tivemos no passado – em que pese alguns valores éticos e morais continuarem necessários – pois muitas coisas mudaram nas relações das pessoas. Somos obrigados a nos tornarmos atuais; quantos pais precisaram baixar aplicativos em seus smartphones – quando há poucos anos nem sabiam do que se tratava – para modernizar suas vidas? Aplicativos para trocas de mensagens com os outros, para visualizar condições de trânsito e radares nas estradas, para encontrar um local que forneça o lanche desejado… agora, que aplicativo baixar para atualizar seu relacionamento com os filhos?

          Penso que a psicoterapia pode auxiliar neste processo oferecendo um lugar aos pais para que reflitam sobre suas vidas em família. Ainda que inicialmente por eventual curiosidade ou aparente obrigação, mostrará aos poucos que, ao dedicarem-se em uma sessão semanal para alguns momentos de exclusividade para si mesmo, ganharão em resultados para uma vida toda.

          Aos pais, independentemente de estar utilizando ou não o app pai#inteligente, o meu desejo de um Feliz dia dos Pais!!!

César Augusto – psicólogo

*publicado em agosto de 2019