O mundo está próximo de completar o primeiro ano de declaração (pela Organização Mundial de Saúde) da pandemia covid-19 justamente no momento em que em alguns lugares tornam a subir os números de pessoas infectadas e também o de pessoas mortas. É fato que em alguns países mal começaram as aplicações de vacinas aprovadas, enquanto outros sequer a receberam ou têm dinheiro para a compra.

          Neste período, o crescimento do consumo de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos foi às alturas; as separações de casais aumentaram (se comparados aos dados de igual período de ano anterior, no Brasil houve um acréscimo de 15%); desempregos, agravamento nas dificuldades de acesso ao sistema público de saúde, enfim, efeitos danosos na economia, na vida em sociedade e, por consequência, na saúde mental.

          Não há dúvidas de que a técnica de “cheirar a florzinha e assoprar a velinha” como forma de mantermos a calma é mais do que nunca um belo conselho neste momento. De alguns líderes, vemos brigas ideológicas e disputas de vaidades enquanto que o bem maior, o direito à vida – artigo 5º de nossa Constituição – parece ser apenas argumento de discursos.

         Como sobreviver em meio a este “Mundo do Loucodown” (termo cunhado na obra Pandemicon de Sérgio Flores de Campos) onde antigos personagens como os fura-filas voltam à tona, onde a ética é para alguns um capacho a ser pisoteado? Sim, neste quase ano, a paciência de muitos foi por água abaixo propiciando a somatização de inúmeras doenças e gerando estados de raiva e estresse que contribuem para o adoecimento da população.

         É a Lei do amor que se apresenta como a tábua de salvação para este momento. Se ainda não estamos preparados para amar ao próximo comecemos por nos amar. Se tivéssemos a noção de o quanto fazemos mal a nós mesmos ao entrarmos em um estado de raiva, com certeza o evitaríamos. Sentimentos de raiva alteram nossa fisiologia descarregando adrenalina na corrente sanguínea, e, por conseguinte liberando o cortisol, hormônio do estresse. Daí para uma gastrite, úlcera nervosa, tensões musculares, dores de cabeça, alteração de pressão arterial (sujeita a infartos e AVC)… é um pulinho. Ame-se!

          Cheire a florzinha… mantenha a calma, tudo tem o seu tempo. Assopre a velinha, pense nas dificuldades respiratórias de tantos acometidos pela covid 19 enquanto você está saudável. Mantenha-se em saúde, siga as orientações de órgãos oficiais da área; estar em atitudes corretas nos dá a sensação de tranquilidade, de nada temer. Seja otimista, acredite que este momento vai passar, contribua com a não divulgação de notícias infundadas ou que desconheça a sua origem, isso colabora para que não se eleve o nível de ansiedade e de insegurança de muitos.

          Por fim, se entendermos que em nos amando estaremos em condições de praticar a caridade e sermos justos (quantos atos generosos aconteceram neste período), fiquemos com este argumento para reflexão: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito.”

César Augusto – psicólogo

*publicado em fevereiro de 2021