O que William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e Maurice Druon – além de grandes escritores – têm em comum? Os três primeiros morreram na data de 23 de abril, enquanto que o último nasceu, daí que esta é a data comemorativa ao Dia Mundial do Livro. Não bastasse, nós, tupiniquins, comemoramos no dia 18 de abril o Dia do Livro Infantil em alusão ao nascimento de Monteiro Lobato, ícone neste gênero literário e que já nos dizia que um País se faz com homens e livros. Há muitas belas frases enaltecendo tanto o livro como o hábito da leitura: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria” disse o argentino Jorge Luiz Borges, ou, “alguns livros nos deixam livres e alguns livros nos tornam livres”, sentenciou Ralph Emerson.

          É inegável também que ler estimula o cérebro e promove benefícios para a saúde mental. “O hábito de leitura tem relação comprovada com uma melhor qualidade de saúde mental. A leitura, por envolver imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem (sempre aprendemos, ao menos, palavras novas), funciona como um ‘exercício’ para o cérebro humano. Apesar de não ser um músculo, o nosso cérebro precisa ser estimulado”. – declara Augusto Buchweitz – pesquisador do Instituto do Cérebro/PUC-RS.

          Uma pesquisa da Universidade de Sussex no Reino Unido conclui que ler ajuda a reduzir em até 68% o nível de estresse; nela, durante a leitura, foram observadas diminuição da frequência cardíaca e alívio na tensão muscular entre os participantes. Ler ajuda a proteger a mente de doenças degenerativas como a demência ou o Alzheimer, postergando o aparecimento de sintomas, uma vez que aumenta o número de conexões neurais, além disso, empatia, capacidade de solidariedade e outras tantas emoções e sentimentos são experimentadas pelo leitor. Outros estudos apontam que as melhores notas em redações são de pessoas que admitem ter o hábito de leitura nos mais variados gêneros.

          Em minha prática diária de psicoterapia, percebo também sobre o quanto fluem aquelas sessões de pessoas que têm o hábito de ler: a plasticidade neuronal adquirida (e exercitada) potencializa a obtenção de resultados favoráveis à compreensão e ao entendimento de muitas situações. São tantos os ganhos da pessoa que lê que fica impossível distingui-los, ouso apenas resumir que ler nos torna uma pessoa melhor, em tudo, basta que percebamos os ganhos para a saúde mental, para os relacionamentos (por nos tornarmos mais críticos e tolerantes), para o convívio social e em família. Ler, alivia muitas dores.

          Estamos em Passo Fundo, uma cidade que leva oficialmente o título de Capital Nacional da Literatura (Lei federal nº 11.264 de 11 de janeiro de 2006) e onde o poder público estimula professores (através do ressarcimento em dinheiro pela compra anual de três livros para uso pessoal) e alunos (pelo crédito em dinheiro para a compra de livros durante a realização da Feira do Livro), além de outros projetos culturais como concursos de produção literária e de incentivos à leitura. No entanto, é preciso que cada um, em sua individualidade, compreenda sobre o quanto a literatura pode transformar suas vidas e encontre nela um ponto de equilíbrio para a sua saúde. “Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê, vive apenas uma. ” – George Martin.

César Augusto – psicólogo

Artigo publicado em maio de 2024