É incrível, mas quantas vezes você ouviu na mídia ou de alguns profissionais a queixa de que, em sendo o Dia do Professor, Dia do Médico, Dia do Meio Ambiente, da água, da árvore… nada temos a comemorar? Sei, podemos defender que isto é uma posição crítica e que por assim ser, num não conformismo, é que as coisas podem mudar para melhor: através das críticas.

         Todavia, temos mais por hábito o de reclamar do que o de agradecer, e para isso a história do meio copo d’água é uma grande lição. Reclamamos que a mensalidade da faculdade está cara sendo que nem agradecemos por estarmos entre os –apenas- 8,7% da população que concluem os estudos em nível superior (IBGE-2019), assim como reclamamos dos preços abusivos de muitos medicamentos sem nos darmos conta de que ainda temos acesso a uma farmácia e ao poder de compra dos mesmos. “Veja bem…”, diria um amigo meu, não estamos tirando a razão e a importância do inconformismo, da necessidade de nos mobilizarmos para uma sociedade mais justa; quero apenas escrever sobre a possibilidade de sermos mais gratos.

         Há um livro de leitura muito agradável – com base na teoria da psicologia Junguiana – intitulado Psicologia da Gratidão, onde, por exemplo, cita que nos tornamos mais gratos quando saímos da individualidade e rumamos para a vida na coletividade. É de lá que extraio: “O ingrato, diante do seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climatéricos aos humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais…” É o atraso emocional caracterizando o ingrato; querem um exemplo? Que uma criança chore, faça birras por não obter algo é compreensível, já, um adulto que assim aja ante uma frustração, estaria, sem dúvidas, demonstrando um comportamento imaturo e atrasado emocionalmente para o acontecido.

         Então que observemos como estão nossas atitudes para as coisas que acontecem em nossas vidas: somos menos reclamões e mais agradecidos? Voltados para o individualismo ou para o grupo social com o qual convivemos? Conseguimos identificar maturidade em nossas atitudes de maneira que podemos afirmar estarmos emocionalmente equilibrados? Assim sendo, vamos procurar tornar cada dia um motivo a mais de inspiração para bem vivermos, comemorando os méritos, as conquistas e principalmente, agradecendo o esforço de cada um daqueles que mesmo anonimamente contribuem para nossas vidas.

         Podemos agradecer e comemorar todos os dias, sem, no entanto, deixarmos de lutar por um futuro melhor. Pessoas que têm por hábito a prática de atitudes de gratidão vivem de forma mais leve, adoecem menos e são aquelas que sempre queremos ter ao nosso lado. Sendo mais gratos seremos mais queridos  estaremos em paz conosco.

César Augusto – psicólogo

*Texto publicado em junho de 2021