
Este título poderia, ainda, ter uma complementação: “Como algo tão simples pode ser a solução para muitos problemas”. É compreensível que nos dias de hoje algumas famílias não consigam realizar suas refeições em conjunto por diversos fatores: grandes cidades inviabilizam a ida para casa no intervalo do almoço em decorrência de se dispor de pouco tempo para tal, em razão das distâncias, de custos adicionais em transportes ou pela praticidade de se ter em local de trabalho refeitórios ou restaurantes próximos. Além disso, quando o casal trabalha em locais diferentes e as crianças almoçam em suas escolas, esta possibilidade deixa de existir. Todavia, sempre que possível, dever ser algo tentado, nem que seja apenas em finais de semana compensando-se a escassez diária destes momentos por almoços de domingo com qualidades: gastronômicas e de afetos.
Há muitos estudos e pesquisas promovidos por diversos profissionais da saúde, onde médicos, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, educadores físicos, enfim, uma multidisciplinariedade de saberes aponta resultados positivos. Uma pesquisa feita pela American Heart Association (AHA) com mil adultos nos Estados Unidos revelou que fazer refeições regulares em família pode ajudar a diminuir o estresse e melhorar a sensação de bem estar. Outros estudos destacam que isso possibilita uma melhora de hábitos alimentares, diminuindo o consumo de alimentos multiprocessados em troca de grãos, cereais, vegetais e frutas nas refeições, contribuindo para a diminuição da obesidade e melhora da saúde corporal.
Mas há outro aspecto de suma importância: estas refeições fortalecem os laços familiares, aumentam a possibilidade de diálogos e, consequentemente, acabam por auxiliar na melhora das relações interpessoais, é claro, desde que não hajam smartphones ao alcance neste momento. Também há outras tantas informações sobre o quanto aparelhos celulares são prejudiciais quando manuseados durante refeições, e isto vale até mesmo para aquele almoço solitário em restaurante ou no local de trabalho onde você mesmo lhe causa um mal. Bem que poderia haver um alerta -como aqueles de antitabagismo – “O Ministério da Saúde adverte, o uso de smartphones durante as refeições pode dar indigestão!”. Isto mesmo, alimentar-se olhando as ditas redes sociais, influencers, noticiários, pode fazer com que muitas coisas indigestas sejam engolidas também: inveja, raiva, ciúmes, tristeza, lamentos, preocupações, medos, muitas coisas.
Refeições em família para aquelas que têm crianças pode ser o momento para educação sobre bons hábitos, regras à mesa, do ensino sobre servir-se apenas da quantidade necessária para educar contra o desperdício, para o estímulo a alimentar-se de frutas e vegetais, um monte de vantagens. Para os adultos, pode servir como forma de aprendizagem em valorizar estes momentos, bem ao contrário do pensamento vigente de que se sobrar tempo a gente (família) se encontra. Família é a base da sociedade, é o local para a aprendizagem e o desenvolvimento moral e espiritual, lugar onde encontraremos apoio e segurança frente às dificuldades do dia a dia, onde podemos literalmente nos sentir “em casa”, confiantes. No final dos anos 90 a banda Titãs fazia sucesso com a música Família… “Família, família, papai, mamãe, titia, almoça junto todo dia, nunca perde essa mania…”. Que tal adotar esta mania? A propósito, como está seu convívio em família, precisa de alguma ajuda? Saiba que a psicoterapia pode te auxiliar, e muito!
César A R de Oliveira – psicólogo
Texto publicado em maio de 2025