No mês de junho deste ano estive em Santa Catarina participando do Ciclofest Rural, um evento que reuniu cicloturistas de vários pontos do Brasil. Pois foi lá que encontrei o Edson Carvalho Jr, a quem eu já conhecia por suas postagens no YouTube pelo canal “Viajante Cervejeiro”, ocasião em que pude conversar com ele e comprar seu livro “De carona até o próximo bar”. Edson esteve naquele encontro como palestrante para nos relatar sobre suas aventuras de caroneiro Brasil afora.
O que leva alguém a percorrer sozinho (e com pouco dinheiro) todos os estados da União, sempre de carona, para conhecer e degustar cervejas artesanais correndo riscos e incertezas de toda a ordem, dormindo e alimentando-se de favores na maioria das vezes? Para quê? É o próprio viajante quem responde: “A ideia sempre foi muito clara: viajar dando dicas de onde encontrar bares que vendam cervejas artesanais. (…) Foi uma das melhores experiências da minha vida”. Relata muitas amizades, calor humano e parcerias vivenciadas unicamente pelo fato de levar adiante seu novo projeto de vida.
Foi o eminente psicólogo Carl Gustav Jung quem cunhou o termo arquétipo para designar algumas de nossas características inconscientes; arquétipo é o que molda quem somos, incluindo as emoções e os sentimentos que experimentamos, os pensamentos que temos e também as nossas atitudes. Dentre os principais arquétipos temos o da cuidadora, o do amante, o do herói, e outros, mas também encontraremos o do explorador, igualmente conhecido como o andarilho ou o individualista. Pessoas com este perfil, são curiosas sobre o mundo e o que passa a seu redor e buscam respostas sobre o significado da vida, e, sendo independentes, viajam pelo mundo em seu próprio ritmo. Ansiando por liberdade buscam seu próprio caminho valorizando a arte da autodescoberta e da singularidade.
Quem de nós nunca teve, por um momento ao menos, a vontade de largar tudo e sair sem rumo em busca de momentos de liberdade? Mas quantos conseguimos fazer algo parecido? Pois é a esta reflexão que proponho: penso que é possível ser um explorador em meio ao ambiente em que vivemos, trabalhando, dando atenção para a família e convivendo com os amigos, basta que tenhamos um propósito. Quem ler a obra de Edson, verá que por trás de seu desejo em viajar houve uma preparação (mesmo que não tenha servido de garantia para que tudo transcorresse como o planejado); vejam que até para uma aventura libertadora precisamos estar preparados e decididos! Então, quer sair de sua rotina? Preste atenção em quem está ao seu lado, converse mais, seja curioso, procure descobrir-se. Valorize a atenção plena – tão decantada pelos orientais -, saboreie cada minuto de seu dia, esteja presente. Andando mais a pé pelos quarteirões próximos à sua casa, com certeza, vai encontrar muitas coisas nunca antes vistas! Só poderá descobrir o mundo quem permitir a descobrir-se por primeiro, a si e ao que lhe cerca. Por vezes, miramos algo tão lá à frente enquanto tropeçamos no que está a um passo de distância.
Apenas inicie, pois, já dito pelo Buda, toda a grande caminhada começa com um simples passo. Agora, se quiser, na segurança de tua poltrona, desfrutar de algumas aventuras relatadas por Edson, divirta-se com a leitura de sua obra. www.viajantecervejeiro.com.br
César Augusto – psicólogo
* texto publicado em novembro de 2022